01/04/2010

NOITE

O cheiro que exalava das grandes avenidas, cercada de luxo e lixo, não saia mais de suas entranhas, já não fazia sentido ter que voltar atrás, o mundo lhe feria bem menos que seus própios devaneios, a noite lhe cercava de escuridão e dor, a temida fome chegava, ela não sabia mais o que fazer, o filho nos braços o coração na boca, a mente já não era mais a mesma, toda sua vida esbarrava entre drogas e dramas, a familia lhe abandonara, se sentia entregue ao destino negro que ela mesmo havia traçado, os sonhos de criança se foram,com a forte chuva de pesadelos, que nuca mais lhe abandonara.
Tinha que fazer algo,o filho chorava em soluços de fome e dor, estava entregue ao acaso e a desgraça que rondava sua frágil vida,a esperança saltava aos olhos a qualquer saco de lixo, a procura frenética por qualquer pedaço de pão ou qualquer outra coisa que fizesse a criança parar de chorar, nada fazia sentido, tudo estava fora do lugar desde que ela tomou o rumo e as redias de sua própia vida, pensava na comida, na ferida aberta na perna, que na noite passada acabou ganhando sem querer, de homens truculentos que zombavam na noite, chorava e sorria ao mesmo tempo, as emoções já não era mais contidas, andava sem rumo de um lado ao outro, uma casa grande de boa estrututa surgiu em sua frente, não pensou duas vezes, não teria tempo para errar, abaixou-se, e um gesto desesperado, a criança foi colocada ao chão, na soleira da porta, permaneceu estática, o som agudo da campainha ecuou longe,  a escuridão lhe favorecia, ela então pode sumir entre ruas desertas e becos escuros, sua mente vagava na total loucura dos covardes, se punia e se sentia a pior mãe do mundo, mãe que ela nunca conheceu, havia feito o mesmo, havia dado o troco, sem mesmo saber o porque, a luz forte lhe banhou o rosto, o barulho alto de um carro em desparada despertou sua mente frágil, sua boca beijou o asfalto, o frio tomou conta de seu corpo,a escuridão cegou seus olhos....


MARCELO

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